De acordo com levantamento do Ministério Público de São Paulo, a vítima tinha relacionamento com o agressor em 75% dos casos analisados.
Dois terços dos casos de feminicídio foram cometidos na casa da vítima, segundo pesquisa do Ministério Público de São Paulo. Em 58% dos casos foram usadas armas brancas, como facas, para ferir ou matar as vítimas. Dos registros, em 75% a vítima tinha relacionamento com o agressor (eram namorados ou casados). A pesquisa analisou estatísticas de 121 cidades paulistas de março de 2016 a março de 2017. O Núcleo de Gênero do MPE analisou 356 denúncias apresentadas à Justiça e divulgou o estudo nesta segunda-feira (2).
A Lei do Feminicídio, que completa quatro anos no próximo dia 9 de março, prevê penas mais altas para condenados por assassinatos decorrentes de violência doméstica ou por discriminação e menosprezo à mulher. A lei classifica esses homicídios como hediondos, dificultando, por exemplo, a progressão da pena do condenado, além de elevar em até um terço a pena final do réu. Mas muitos dos crimes passíveis de enquadramento como feminicídio ainda não são registrados assim, dizem especialistas.
De acordo com a advogada criminalista Lara Kauark, a violência domestica pode começar a ser identificada logo no inicio do relacionamento, com pequenas atitudes que, já demonstram que o parceiro pode se tornar um vil agressor, porém, é da natureza do ser humano muitas vezes fechar os olhos. Pequenas brincadeiras tais como: “VOCE É MINHA” “VOCÊ NÃO VAI VESTIR ESSA ROUPA” etc, podem abrir precedentes para uma analise comportamental da pessoa com quem você está se relacionando, e o principio para isso é a autopreservação. “Vivemos uma doença social, um ‘generocídio’ motivado por machismo e sentimento de posse”, afirma Lara.
Em 75% dos casos, a vítima tinha laço afetivo com o agressor, com quem era casada ou namorava. E em quase metade dos registros (45%) o que motivou o ataque foi a separação ou o pedido de separação do casal.
A pesquisa também chamou a atenção para o dano desse tipo de crime na família da vítima. Para cada quatro feminicídios, um deles atinge outra pessoa além da mulher. São as vítimas secundárias, que presenciam o crime ou até mesmo são agredidos ao lado da mãe, por exemplo, no momento do ataque. Também há os que saem feridos na tentativa de defender a vítima principal.
Alinne Werneck – Administradora de Empresas / Jornalista