• Home
  • Notícias
  • Eunápolis
  • POLÍTICA
  • POLÍCIA
  • Saúde
  • Ação Social
  • MODA
  • P. R. Barbosa MARKETING ME CNPJ 08.488.519/0001-72
Rota 51 - Notícias em tempo Real.
  • Home
  • Notícias
  • Eunápolis
  • POLÍTICA
  • POLÍCIA
  • Saúde
  • Ação Social
  • MODA
  • P. R. Barbosa MARKETING ME CNPJ 08.488.519/0001-72
No Result
View All Result
  • Home
  • Notícias
  • Eunápolis
  • POLÍTICA
  • POLÍCIA
  • Saúde
  • Ação Social
  • MODA
  • P. R. Barbosa MARKETING ME CNPJ 08.488.519/0001-72
No Result
View All Result
Rota 51 - Notícias em tempo Real.
No Result
View All Result

A madorna

Paulo Barbosa Por Paulo Barbosa
16/02/2015
in Editoriais
0
0
COMPARTILHE
Compartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter
Teoney Guerra
Teoney Guerra

Ver aquelas cadeiras ali, na calçada do Restaurante, enfileiradas, encostadas na parede, foi uma espécie de miragem para aquele senhor, que não conteve a surpresa e perguntou ao dono do estabelecimento, Marcelo, que assava carne numa churrasqueira, na frente do estabelecimento: “é para a gente tirar uma soneca depois do almoço”, indagou.

– É sim, fique à vontade.” Respondeu muito simpático o dono.

É realmente algo incomum, afinal, não eram cadeiras comuns, mas cadeiras de balanço. Um modelo antigo, com estrutura de ferro, assento e encosto alto feitos de um material plástico, trançado, e ao invés de pés, duas barras de forma curva que permitem ao usuário se balançar.

De imediato, o homem chegou a se sentar numa delas, se ajeitou, como se estivesse se preparando, se adaptando à anatomia do assento, para depois do almoço, curtir a sesta. Mas logo se levantou todo animado. Entrou no Restaurante e, após escolher uma mesa, sobre a qual deixou a pasta que carregava, pegou um prato e se serviu. Um self-service generoso, com muito feijão, arroz, carne e por fim, um pouquinho de salada com duas rodelas de tomate no topo. Já na mesa, acrescentou pimenta e farinha.

Devorou tudo em não mais do que cinco ou sete minutos, com garfadas vigorosas, sucessivas, que não esperavam o necessário mastigar. A cada bolo de comida posto na boca, um gole de refrigerante, como se quisesse fazer o alimento descer bem depressa. Olhares atentos pareciam querer decifrar se toda aquela pressa, aquela gula se devia à fome, ou à falta de educação do freguês que, ao final, virou o rosto para a parede, como a soltar um insuspeito arroto.

Terminada a comilança, pôs o prato na borda de mesa, jogando para o seu interior restos da comida que caíram sobre a toalha, palitou os dentes, depois se dirigiu ao caixa, onde a esposa de Marcelo, Paula, cobrou a conta e deu-lhe o troco.

“Agora vou tirar uma madorna”, comentou um tanto excitado, esfregando as mãos, enquanto se acomodava numa das cadeiras. Sacudiu o corpo para um lado e depois para o outro, ajeitando os mais de cem quilos que pareciam não haver se adaptado de imediato ao assento. Mas logo encontrou a posição ideal, e em poucos minutos, o semblante foi demonstrando que o homem cedia ao sono. Um ventinho vindo de uma rua lateral da praça, abrandava o calor daquele meio dia de sol a pino, em pleno mês de janeiro.

Assim, aos poucos, o cochilo se tornou sono profundo, não tardando a ser ouvido um suave ronco, pouco audível, cujo som, aos poucos foi aumentando, e logo passou a se assemelhar a um barulho de britadeira. Um incômodo sonoro grave, pesado, vindo da boca escancarada que, de frente, deixava à mostra a garganta. As bochechas, enormes, ficavam a tremer, e a barriga dentro da camisa apertada, forçou um botão que desabotoou, enquanto o homem respirava e expelia aquele som, num quadro dantesco.

O ronco, mesmo sendo na calçada, passou a ser ouvido também dentro do Restaurante, causando incômodo aos clientes que ouviam na TV, um noticiário. Um riso aqui, outro acolá, e em poucos minutos todos riam, numa algazarra generalizada. Piadas e maldosas comparações. Alguns clientes, ao saírem, pararam em frente ao roncador, um até fez uma selfie, mostrando aquele corpanzil esparramado sobre o assento, uma cena grotesca.  Um casal que almoçava numa das mesas, na calçada, ao lado do dorminhoco, se sentindo incomodado, chegou a pedir a Marcelo para acordá-lo. Mas o dono do estabelecimento preferiu não interferir.

De repente, o homem acordou. Arregalou os olhos de forma inesperada, assustado, como se saísse de um pesadelo. Pôs as mãos sobre os braços da cadeira e ficou alguns segundos, estático, como se tentasse recobrar os sentidos, se situar. O acordar inesperado o fez ver umas cinco ou seis pessoas ao seu redor, rindo, o que pareceu tê-lo deixado constrangido, enfurecendo-o. E mesmo aparentando não ter acordado de todo, bateu com força nos braços da cadeira, externando sua raiva, e se levantou bruscamente. Ainda meio trôpego, desceu do passeio e ganhou a rua, em passos cambaleantes, sem olhar para trás. Mas teve que voltar, ao ser avisado por uma cliente, que deixara a bolsa com os documentos sobre a mesa. Parou, deu meia volta e, vivendo um misto de constrangimento e raiva, voltou com o semblante fechado e pegou a pasta das mãos da mulher. ”Obrigada”, resmungou entre dentes, e seguiu, carrancudo, mas sob o riso incontido de alguns que se divertiam em boas gargalhadas.

Teoney Guerra

Barra do Choça (BA), 08 de janeiro de 2015

 

Paulo Barbosa

Paulo Barbosa

Next Post
Comerciante foi executado na porta do seu comercio no Moisés Reis.

Comerciante foi executado na porta do seu comercio no Moisés Reis.

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

© 2025 Rota51 - Todos Direitos Reservados.

No Result
View All Result
  • Home
  • Notícias
  • Eunápolis
  • POLÍTICA
  • POLÍCIA
  • Saúde
  • Ação Social
  • MODA
  • P. R. Barbosa MARKETING ME CNPJ 08.488.519/0001-72

© 2025 Rota51 - Todos Direitos Reservados.