
Uma casa construída do chão para cima, sem alicerces, não tem garantia de longevidade, um país, uma terra, uma cidade que não cultua sua identidade, também não pode contar a sua história.
Desde a última 6ª feira 09/09, que na escola municipal Padre Giuseppe Iacoviello, que está acontecendo um evento cultural de capoeiristas, com a presença de mestres, contra mestres e professores de capoeira.

Foram montadas oficinas da dança e outros atrativos, tais como “maculelê” aulas para iniciantes na arte da dança africana e amanhã domingo, haverá a troca de cordões, onde alunos de todas as faixas etárias, estarão recebendo os seus primeiros cordões e outros, mudando de cor, mostram que estão sendo graduados, dentro de uma dança, que se tornou a arte de defesa dos escravos africanos, contra os ataques dos capitães do mato.
A capoeira, nos dias atuais, está pelo mundo afora, como o karatê, Jiu Jitsu, judô dentre outras artes marciais e no Brasil, principalmente na Bahia, onde a dança chegou primeiro, a capoeira é mais do que uma tradição, é a raiz do povo africano que se misturou aos europeus e, hoje o brasileiro é o povo mais miscigenado.

Estiveram presentes para este evento, 7 grupos diferentes, dentre eles destacam-se os mestres Aranha e Tubarão de Porto Seguro, Moringa de Carinhanha, Washington Bahia, Danilo e Eudóchio de Eunápolis e, os contra mestres, Diel e Bujão de Eunápolis, Dija de Itarantim, Congo de Ilhéus, Sandro de Conquista e, Badaga de Itatiba, além destes os professores Fábio Lira, Rubens de Eunápolis, Serginho de Posto da mata, Lucas de Tx. De Freitas e, Sandro de Itamaraju.

O mais impressionante, é que em Eunápolis se fala muito de cultura, mas na realidade a cultura eunapolitana está apenas no papel, pois os capoeiristas que vieram de suas cidades para realizarem esta oficina, não tiveram apoio de passagens e nem hospedagens, ou seja, eles estão em casa de pessoas, que resolveram em nome da cultura abriga-los e além disto, doar também a alimentação. Que é uma vergonha para o setor de cultura de Eunápolis, já que Eunápolis não tem apresentações teatrais, saraus poéticos e nem nada que venha elevar o nível cultura da cidade.

Para este evento, quem esteve fazendo uma apresentação de cultura falando do evento e também do tema apresentado, foi a escritora, poetisa, declamadora, professora de teatro, Rosângela Nascimento, que embora viva disto, faz apresentações como esta de forma graciosa, para que o evento não passe tão despercebido para a sociedade. Rosângela falou do povo negro, de suas lutas, da vinda do povo africano para o Brasil, lembrou Binba, Besouro, Pastinha, dentre outros mestres que mostraram que a capoeira, não é apenas um jogo de malandros, como se fazia crer antigamente, mas que hoje é reconhecido como algo cultural e que de Cultura, muitos se fala, mas que poucos entendem, porém o que não se pode fazer é jogar a cultura no lixo, em nome do que não deve e nem precisa ser feito.

As graduações são feitas de 10 a 15 anos e um aluno, ganha seus primeiros cordões de 5 a 6 anos e, dão tão pouca importância ao fator cultural, que todos poderiam estar em suas casas com suas famílias e os meninos nas ruas traficando, mas um projeto social como este que tira as crianças das ruas, para um convívio social, não recebe nenhuma apoio, para quem quer fazer e mostrar como é que se faz.
FOTOS: rota51.com