No dia 22 de março de 2016, eu e um grupo de pessoas, fizemos uma visita ao rio Buranhém o nosso querido Rio do Peixe, lugar maravilhoso onde já havia ido algumas vezes com minha filha e amigos, e de onde sempre voltava com boas lembranças, mas dessa vez foi diferente, voltei preocupada, pois a situação do nosso rio não é boa. Há um tempo o nosso amigo Urbino Brito vem chamando atenção para a situação do rio do Peixe, mas parece que poucos deram ouvidos de fato. Pois quem realmente é de direito ser cobrado não está sendo responsabilizado, claro que todos nós cidadãos, seres humanos, somos responsáveis pelo uso consciente da água. Mas, lembrando aqui das palavras da amiga companheira Ivonete, “não é só economizando á água do meu banho que iremos resolver o problema da água”. Então eu pergunto: Será que eu no meu banho diário, até lavando minha juba, gasto mais água que um pé de eucalipto em crescimento, imagine ai vários pés de eucaliptos? Não tenho tanto cabelo assim. E fazendas cheias de gado? Plantações de café, entre outros? E quantos litros de água se gasta para fabricar uma calça jeans? Aquela que a gente olha na vitrine e fica apaixonada, até lançarem o próximo modelo, de quantas calças jeans precisamos para sermos felizes? E quanto à quantidade de venenos que poluem as nossas águas? Então precisamos refletir sobre os meios de produção desse sistema capitalista perverso, que coloca o capital, o lucro acima de tudo, até acima da própria vida humana e o seu bem estar na terra e o bem estar da terra. Então, vejam quanta incoerência, tanta produção para facilitar, melhorar as nossas vidas, para nos deixar mais felizes e tudo isso está nos matando, nos envenenando, nos tirando o bem mais precioso do nosso planeta a ÁGUA, pois sem ela não há vida na terra. Tudo isso me fez lembrar o livro de José Saramago Ensaio sobre a cegueira “Cegos que vendo não veem –” Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira?”(pág. 131). A pós-modernidade nos deixou assim “cegos”, zumbis sempre em busca de algo mais para sermos felizes e estamos esquecendo o essencial: viver. E para isso não necessitamos de tanta água assim. Então vamos enxergar o que estão fazendo conosco, com nossas vidas, nosso planeta, corporações que nos vendem de tudo comida envenenada, remédios para tratar doenças das quais todos estão sujeitos por conta da comida cheia de veneno, transgênicos, as prateleiras dos supermercados estão cheias, remédios para o stress, depressão que todos também estão sujeitos, por conta dessa vida alucinada – trabalhar para ganhar dinheiro, comprar, gastar, ganhar mais dinheiro, comprar, gastar, ufa! Parem esse mundo doido que eu quero descer. Parar, pensar, respirar, viver, sem pressa, sem culpa, lembrar a criança que eu já fui um dia, que tomava banho de rio e comia tripa assada na beira desse rio, e eu era tão feliz. Quero que meus filhos e netos tenham rios para se banharem; sonhos para sonharem; amores para amarem. Vidas para viverem.
Então, deixemos de lado, nossas diferenças, sejam elas partidárias, religiosas, sociais, pois, precisamos nos juntar em prol de uma luta comum a todos: Nossa sobrevivência na terra. Enquanto muitos estão sentados na praça dando milho ao pombos, nossos rios pedem socorro, nosso planeta pede socorro. Vejam Mariana, já se esqueceram, nós precisamos lembra-los, antes que outro desastre ainda maior aconteça.
Rosangela Nascimento