No júri desta 4ª feira 15/04, depois da escolhas dos jurados, sendo que alguns dos jurados sorteados depois de terem sido recusados tanto pela defesa quanto pelo Ministério público, o júri foi formado por 7 senhoras dos mais diversos segmentos sociais e a justiça, como sempre foi feita, demonstrando que a sociedade eunapolitana esteve muito bem representada em mais este julgamento no tribunal do júri de Eunápolis.
Presidindo os trabalhos mais uma vez o MM. Juiz Dr. Otaviano Sobrinho, na acusação o representante do Ministério público Dr, João Alves Neto e na defesa esteve o Dr. Gutemberg Duarte que se fez acompanhar do seu filho o também advogado Dr. Gutemberg Duarte Junior, sendo que todos estiveram envolvidos no julgamento da senhora Elizangela Costa Severino que no dia 21 de agosto de 1999, matou segundo os autos do processo matou com várias facadas nas costas, depois de ter aplicado uma pancada com uma barra de ferro na cabeça, não dando a vítima nenhuma chance de defesa. Ainda nos autos, consta que Elizangela falou a outras pessoas que “Neide, hoje eu mato aquele desgraçado” e no dia prometido depois de uma passada no antigo Cock Driques, ela foi pra casa, à rua Marques de Tamandaré 222, bairro Moises Reis, esperou que Maxsuel Andrade Souza chegasse em casa e como chegou muito bêbado o crime prometido foi consumado. Depois Elizangela foi até a casa do seu cunhado irmão da vítima Josué de Souza Dantas e simulando estar chorando, disse que Maxsuel esta se matando. A família foi até o local e já encontrou Maxsuel morto e quando disseram que iam chamar a policia, Elizangela dizendo que ia esperar a policia na casa de sua mãe, sumiu por 5 dias, fugiu ao flagrante e depois apareceu dizendo que não se lembrava de ter matado Maxsuel e que so se lembrada de ter batido na cabeça dele com a barra de ferro. De lá pra cá, Elizangela já foi julgada 2 vezes, sendo esta a 3ª vez, na 1ª vez ela foi inocentada, na 2ª vez foi condenada a 12 anos mas por erros de votação, o júri foi anulado pelo TJ-BA e, nesta 4ª feira ela participou de novo e 3º julgamento.
Na acusação, o Promotor Dr. João Alves, explorou todos os pontos do processo e mostrava às juradas a culpabilidade de Elizangela no crime, a premeditação, o pensamento passado para Neide de que mataria Maxsuel, a ida até o antigo bar Cock Drink’s, segundo Dr. João, Elizangela antes já agredira outras pessoas, segundo testemunhas, quando não estavam bebendo, Maxsuel e Elizangela comungavam do mesmo pensamento, mas quando a bebida entrava na vida do casal as brigas eram constantes. Ao todo foram arroladas 7 testemunhas, que fizeram seus depoimentos, mas o promotor se manteve irredutível de que a morte de Maxsuel foi premeditada e sem que a sua algoz lhe desse a mínima chance de defesa, pois este estava muito embriagado e ao levar a pancada na cabeça com uma barra de ferro Elizangela desferiu várias facadas em suas costas. Dr. João mostrou ás juradas que no sábado em que foi morto, Maxsuel passou o dia todo trabalhando e ela bebendo, parta tomar coragem para o crime que ela já havia arquitetado e, que no dia do crime, quando falaram em chamar a policia Elizangela sumiu em uma moto que já estava a sua espera, feias as considerações, foi feita uma parada para o almoço, para em seguida ser a vez do advogado de defesa, mostrar o outro lado de Elizangela.
Depois do almoço Dr. Gutemberg também utilizando o processo e de forma muito técnica, mostrou às juradas que a situação não era bem a que havia sido demonstrada pela acusação, e que Elizangela realmente estava muito bêbada e que por isto ela de acordo com algumas alegações em livros de direito era inimputável e, que Elizangela embora tenha dito que havia batido na cabeça de Maxsuel com a barra de ferro, ela não o matara e muito menos havia utilizado uma faca para tal ato. Dr. Gutemberg explorou muito o fato de Elizangela ser continuamente espancada e, que em determinada vez teve de ser hospitalizada. Dr. Gutemberg falou inclusive de uma estatística que Porto Seguro, é a 4ª cidade do país que registar o maior índice de violência doméstica, e que, Elizangela em 16 anos é a 3ª vez que senta no banco dos réus para ser julgada pelo mesmo crime, e que ela em todos os seus depoimentos, nunca admitiu ter matado Maxsuel. Admitindo sempre o estado de embriagues da ré, Dr. Gutemberg apresentou como justificativa, homicídio privilegiado, embriagues completa e causa fortuita. Depois das considerações finais em sua defesa, foi feito um pequeno intervalo para a réplica da acusação.
Em sua réplica, Dr. João falou do estelionato jurídico quando uma pessoa é condenada ela nunca cumpre a pena que lhe é imposta, tem sempre as atenuantes, um preso ganha um dia de liberdade para cada 3 dias trabalhado, falou de uma operário que trabalha um mês par ganhar um salário e um, presidiário tem o auxilio reclusão, demonstrou toda a sua indignação, quando uma pessoa que dá uma de irmã Dulce, faz benefícios aos outros, mas com as benesses de terceiros, mas do seu próprio bolso não sai nada, Dr, João falou de Porto Seguro, e dos toques de recolher sempre na pauta do dia, por que lá a bandidagem respeita muito pouco ou nada, mas que aqui em Eunápolis a justiça precisa ser segura e completa, e que um crime como o de Elizangela teria de ser punido, pois a família de Maxsuel pela falta sentida do ente querido a única coisa que tem e espera, é a certeza de que o crime será punido. Dr. João falou por mais algum tempo sempre pedindo ás juradas mulheres que fizessem justiça, pois mulheres como Elizangela que premedita um crime, é totalmente diferente das mulheres meigas, carinhosas, amigas e que tendem sempre a estar do lado do bem e que a ré é fria e calculista. Dr. João depois falou que Elizangela estava estudando para técnica de enfermagem e disse que ele tem medo de quem fosse parar em suas mãos, mas que isto faz parte de uma estratégia, pois ela estudando, daria aos jurados uma outra conotação pessoal e de cidadania, mas que não se enganassem com as boas intenções da ré.
Depois foi a vez do Dr. Gutemberg que retornou conclamando ás mulheres do júri, que Elizangela estava estudando para ser uma pessoa melhor, e que a morte de Maxsuel foi apenas um acidente em sua vida, mas que depois de tanto apanhar, ela acabou num gesto de defesa, batendo com a barra de ferro na cabeça do companheiro, mas sem a intenção de mata-lo e que por isto em todos os seus depoimentos, ela nunca confirmou ou aceitou a ideia de tê-lo matado, sempre dizendo que queria para sua cliente um julgamento justo e que o corpo de juradas dessem á ré, uma oportunidade, pois no 1º julgamento ela foi inocentada, no 2º o TJ invadiu o resultado do veredito dos jurados e que agora ele esperava que fosse feita a verdadeira justiça a sua cliente.
Feito isto, o Juiz Presidente do Júri, Dr. Otaviano Sobrinho, leu os quesitos que veriam ser votado na sala secreta e todos foram para a votação e depois de pouco mais de 1 hora todos retornaram ao salão do júri, Dr. Otaviano leu a sentença, e de acordo com os votos, Elizangela recebeu a sentença de 12 anos de reclusão, inicialmente em regime fechado no presídio de Teixeira de Freitas, mas devido, ser este um julgamento por anulação do anterior, o TJ deverá analisar este julgamento e após pronuncia, Elizangela então partirá para o cumprimento de sua pena, este foi mais um júri constante do calendário da Semana nacional do Júri imposto pelo CNJ.
FOTOS: Pbarbosa
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