Neste momento eu venho a me “despir” de qualquer título acadêmico. Hoje quem vos escreve não é a Alinne “Jornalista” “Bacharela em Administração” muito menos a Alinne “ Assessora de imprensa” … Aqui quem escreve é simplesmente a Alinne, MULHER, a que é cidadã, filha, irmã… E espero que aos leitores deste texto chegue apenas à mensagem de indignação, meio a atitude pífia e acovardada de dez vereadores, da CME. Infelizmente por não ter conhecimento (devido ao voto secreto) dos nomes dos dez responsáveis, pela sordidez em que foi mantido um veto que deixa a mulher, cada dia mais vulnerável a violência domestica, eu não poderei olhar para a cara de cada um desses senhores, com toda a minha indignação e repulsa. Certamente esses cidadãos, não possuem mãe, filha, irmã ou qualquer familiar do sexo feminino, e se possuem, lamento dizer que isso torna a atitude ainda mais vil, pois o homem que se cala diante de um fato, é partícipe do mesmo, e eu me pergunto: A quem a filha desses senhores, deveriam recorrer em caso de uma agressão oriunda do seu parceiro?
Há quem diga, que: Só quem sente a dor, é que geme. E isso não é apenas um adágio popular, trazendo para a nossa realidade, foi isso o que vivenciamos hoje. Um grupo de homens visando apenas os seus próprios interesses, que além de escusos permanecem na penumbra. Hoje nos deparamos com um parecer INSÓLITO.
Dez homens hoje decidiram o destino de aproximadamente 64.571 mulheres em nosso município (dados IBGE) Que apenas no ano de 2016, 12.566 foram agredidas física, verbal, psicologicamente e grande parte pagaram com a vida, o preço da covardia em forma de um machismo que rege a cabeça de alguns homens, que tem a certeza de que a mulher é um ser inferior a ele, e com isso podem fazer com elas o que melhor lhes aprouver, não levando em consideração os sentimentos, opiniões e vontade de sua parceira. E fecharam os olhos para esses índices alarmantes e cada vez mais crescentes em nossa cidade… Eu lhes pergunto: A troco de quê?…
Mais vale realizar uma festa que chutando baixo, ultrapassa o valor de 5.000.000.000 de reais, do que a implantação de uma Defensoria Especifica em atendimento a mulher vitima de violência domestica. Incultos defendem a festa que passa longe de possuir a tradição raiz do São João e São Pedro, alegando em seus pérfidos argumentos de que a festa trás para a nossa cidade geração de emprego e renda, mas que na verdade a única coisa que trás, ou melhor, que DEIXA, é um rombo no bolso da própria população, e muito sangue ainda deverá ser derramado para que haja uma conscientização de que apenas devemos festejar quando realmente HÁ ALGO A FESTEJAR.
Mas infelizmente a nossa realidade é outra, temos sim vários motivos, mas em sua maioria eles são para LASTIMAR, e não para festejar.
Diariamente morrem jovens, mulheres, crianças e cada grupo por motivações diferentes; alguns por falta de atendimento médico, outros por falta de segurança pública e medidas socioeducativas, e outras devido a VIOLENCIA DOMESTICA.
A violência doméstica é aquela explícita ou velada praticada dentro do ambiente familiar de coabitação direta ou indireta, desde que caracterizado o vínculo de parentesco sanguíneo ou de união civil – casamento, adoção, etc. Desde a antiguidade a mulher tem sido vítima do sexismo e consequentemente, vista como ser inferior em direitos políticos e sociais. No que tange a legislação brasileira, com o advento da Lei 11340 de 2006, popularmente conhecida por Lei Maria da Penha, trouxe um avança na política de prevenção de condutas agressivas às mulheres, homens e homossexuais.
Infelizmente nós cidadãos eunapolitanos, mais especificamente EUNAPOLITANAS, ainda seremos massacradas pelo machismo de quem um dia fez votos, seja diante de um Padre, Juiz de Paz ou Pastor Evangélico de sempre nos proteger ”na alegria e na tristeza, na saúde e na doença ate que a morte nos separe” e muitos são os casos de que o próprio marido é o responsável pela morte da esposa.
Quantos litros de sangue precisarão ser derramados em solo Eunapolitano, para que o nosso clamor seja ouvido? Quantos filhos irão presenciar a agressão seguida do assassinato da sua própria mãe, por intermédio do seu companheiro? Quantas mulheres continuarão a ser estupradas por seus próprios maridos?
QUANTAS?