Nas redes sociais, há quem associe o conflito sírio a uma previsão feita por Isaías no século 7º, mas isso não leva em conta o contexto histórico do livro, o papel do profeta e a ‘perversidade’ de manipulações. Atribuir destruição de Damasco à profecia é como ‘isentar de culpa quem está por trás do genocídio’
Quando começou a escrever o livro que levaria seu nome, por volta do ano 687 a.C., o profeta Isaías mal podia imaginar que, 14 séculos depois, estaria metido em uma polêmica nas redes sociais. Segundo postagens que viralizaram nos últimos dias, o maior de todos os profetas de Israel teria predito, lá no século 7º, a guerra civil na Síria.
Ou, para ser mais exato, a destruição de Damasco, a capital do país.
O versículo da discórdia é o primeiro do capítulo 17. “Damasco deixará de ser cidade e se transformará em um monte de ruínas”, diz o profeta. Outro trecho da Bíblia, também compartilhado pelos internautas, é o versículo 24 do capítulo 49 de Jeremias. “Damasco desfalece e prepara a fuga. O medo se apodera dela. Está possuída de angústia e dores, como a mulher que está dando à luz.”
Será que, passado tanto tempo, os oráculos de Isaías e Jeremias finalmente se cumpriram? Ou, ao contrário, tudo não passa de ignorância e má-fé?
De acordo com algumas pesquisas, o Frei Isidoro Mazzorolo alerta que “toda manipulação é perversa porque isenta de culpa o responsável e justifica o sofrimento do inocente”. “Quando digo que a responsabilidade pela guerra na Síria é da profecia de Isaías, isento de culpa quem está por trás daquele genocídio”, raciocina o teólogo. “É como se dissesse: não há nada que eu possa fazer para mudar aquela catástrofe porque ela é da vontade de Deus.” “Não podemos jogar nos ombros de Deus uma responsabilidade que é nossa. Cabe a nós, comunidade internacional, encontrar uma solução para a guerra civil na Síria”.
Além disso, ele diz que é preciso cuidado ao interpretar textos sagrados: “A Bíblia foi escrita dentro de um contexto histórico. Recorrer a textos bíblicos fora de seus contextos originais pode ser altamente perigoso”.
O papel do profeta
Profeta não é aquele que prevê ou adivinha o futuro, e sim quem denuncia o presente.
Já naquela época, Isaías tinha muito a denunciar: corrupção política, desigualdade socioeconômica, exploração do trabalho… “O texto de Isaías se refere à queda de Damasco, ocorrida no ano 732 a.C.”, diz o historiador.
Na época, Efraim (Reino de Israel) e Damasco (Reino de Aram) se uniram para lutar contra a Assíria. No capítulo 17, em vez de suspostamente predizer a queda da Síria no século 21, o profeta Isaías anuncia a derrota da coalizão e lamenta a destruição de Damasco. Dez anos depois, o exército assírio conquistou Samaria, a capital de Israel.
“Atrelar a atual guerra na Síria à profecia de Isaías é oportunismo religioso”, critica o reverendo Egon Kopereck, presidente da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). “Essa interpretação provém de fundamentalistas religiosos que querem causar alvoroço dentro do povo cristão.”
Boatos sobre genocídios
Rumores que associam confrontos militares a profecias bíblicas não são novidade no mundo virtual. De tempos em tempos, surge um novo boato atribuindo atos de genocídio ao cumprimento de oráculos. Um exemplo disso é o versículo 28 do capítulo 23 do Evangelho de Lucas.
Aline Cabral
Bacharel em Administração de empresas /Técnica em segurança do trabalho e é colaboradora do rota51.com
Registro MTE nº 12541/BA
A culpa nunca vai ser de Deus, agora o que a bíblia prever, e diz que vai acontecer ao se aproximar o fim dos tempos com certeza acontecerá, porque Deus sabe que o homem é mal e vai causar o sofrimento de muita gente inocente ou não. O inocente sofre por causa do homem mal. A bíblia diz também que a palavra de Deus é perpetua, então de nada podemos duvidar.