
Bruno Villas Bôas
Nos cálculos da LCA, com base em diferentes pesquisas do IBGE, taxa do trimestre móvel até julho (13,8%) já era a maior em, pelo menos, 25 anos A taxa de desemprego do país cresceu para 14,4% no trimestre móvel encerrado em agosto, acima do verificado no trimestre móvel até maio (12,9%), mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior taxa da série histórica da pesquisa, iniciada no primeiro trimestre de 2012. Nos cálculos da LCA Consultores, com base em diferentes pesquisas do IBGE, a taxa de desemprego nacional do trimestre móvel até julho (13,8%) já era a maior em, pelo menos, 25 anos. O resultado ficou acima da mediana das expectativas de 28 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, que apontava para uma alta da taxa para 14,2%. No trimestre até agosto, o país tinha 13,74 milhões de desempregados — pessoas de 14 anos ou mais que buscaram emprego, sem encontrá-lo. É um contingente 8,5% maior que o registrado no trimestre até maio (1 milhão de pessoas a mais) e 9,8% acima de igual período de 2019 (1,2 milhão de desempregados a mais). No período, a população ocupada (empregados, empregadores, funcionários públicos) era de 81,666 milhões de pessoas. Isso representa queda de 5% em relação trimestre móvel encerrado em maio (4,2 milhões de pessoas ocupadas a menos) e de 12,8% frente ao mesmo período do ano passado (menos 11,9 milhões de pessoas). A maior das pessoas que perderam emprego foi parar na inatividade. A força de trabalho — que soma pessoas ocupadas ou em busca de empregos com 14 anos ou mais de idade — estava em 95,460 milhões de pessoas no trimestre até agosto, 3,2% a menos do que no trimestre encerrado em maio e 10,1% abaixo do mesmo período de 2019. IBGE: Mão de obra ‘desperdiçada’ sobe a recorde de 33,3 milhões de pessoas Ontem, o Ministério da Economia divulgou que o mercado de trabalho gerou 313.564 vagas líquidas com carteira assinada em setembro, acima da mediana das expectativas do mercado. Por causa da dificuldade de fazer contato telefônico com as famílias, a Pnad Contínua está sendo divulgada com um mês de atraso em relação ao calendário original. Massa salarial A massa de rendimento real habitualmente recebida por pessoas ocupadas (em todos os trabalhos) foi de R$ 202,478 bilhões no trimestre de junho a agosto de 2020, 2,2% abaixo do trimestre móvel anterior e 5,7% menor do que no mesmo período em 2019. A renda média dos trabalhadores até cresceu no período, mas refletindo um efeito estatístico: como os trabalhadores de menores salários foram mais afetados e deixaram a base do cálculo, a renda média dos trabalhadores ocupadas cresce. De acordo com dados da Pnad Contínua, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores (considerando a soma de todos os trabalhos) foi de R$ 2.542 no trimestre móvel até agosto, alta de 3,1% frente aos três meses anteriores e 8,1% acima do mesmo período do ano passado. EBC